Sumario: | No rescaldo da Primeira Guerra Mundial, em profunda crise social, os movimentos reivindicativos de anarquistas e sindicalistas, vincadamente antipolíticos, revelaram‑se ineficazes. Foi com o objectivo de radicalizar a luta de massas e de lhe conferir efectiva expressão política que o PCP surgiu em 1921, sob o fascínio e a influência da Revolução Russa. O contexto português, cujo regime sobreviveu à derrota internacional dos fascismos na Segunda Guerra Mundial, fez com que o PCP mantivesse uma visão política acima de tudo pragmática, cujo principal objectivo era derrubar a ditadura. O PCP foi sobretudo um partido antifascista, herdeiro da política de Frentes Populares, apoiado numa aliança preferencial com organizações débeis e sectores de filiação republicana e socialista, que procurou sempre hegemonizar. O PCP seria de facto a única organização a resistir de modo estruturado e permanente ao regime do Estado Novo. Para isso concorreram os modelos de organização clandestina e sobretudo a acção generosa e destemida de gerações de militantes, por vezes à custa de enormes sacrifícios: deportação, exílio, prisão, tortura, quando não a própria morte. Fiel à União Soviética, ainda que nem sempre consonante com as suas políticas, a história do PCP acompanha a do século XX português. Foi sobre essa vivência intensa e complexa que João Madeira se empenhou, trazendo finalmente a público a primeira grande biografia do Partido Comunista Português.
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