Sumario: | A obra em presença contém um estudo sobre a noção de ordem em Agostinho de Hipona, mostrando o lugar central que esta noção ocupa na resolução daquilo que designamos como “paradoxo da ordem”. Tal problema filosófico pode enunciar-se deste modo: “Se Deus existe e é supremo bem, como explicar a existência do mal? Se não existe Deus, como justificar a ordem do mundo?” A resolução do paradoxo não se restringe apenas à procura de uma explicação para a origem do mal. Equacionar o enigma da ordem obriga Agostinho a construir uma visão do mundo e a reformular o paradigma ontológico do mundo antigo. Neste estudo, evidencia-se o itinerário de Agostinho que, servindo-se nas categorias filosóficas da antiguidade tardia, pois de outras não dispõe, as obriga a ceder perante as suas exigências de racionalidade e a dizerem aquilo que ele próprio quer dizer: que o ser não é, afinal, nem uno, nem múltiplo, mas relacional. E que à luz de um paradigma ontológico relacional é possível compreender como Deus está próximo dos homens, sendo, ao mesmo tempo, absolutamente outro do mundo e dos homens. O leitor desta obra encontra nela uma reconstrução, feita a partir da leitura da obra de Agostinho, do puzzle que o leva a responder ao paradoxo antes enunciado: “Se existe Deus, como compreender o mal? Se não existe, como compreender a ordem, em contraste com a qual falamos daquela realidade daninha?” É uma resposta possível a este paradoxo, a de Agostinho, que se encontra neste livro.
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