Sumario: | Inscrito na ordem temporal da longa duração, o fenómeno da caridade e da assistência na Europa esteve em mutação contínua durante o último milénio, somando experiências e soluções que se foram adaptando ao próprio devir histórico, reflectindo as representações mentais dominantes e os discursos que as mediatizavam. A proximidade dos modelos e das práticas, e até das apropriações sociais registadas nos diferentes espaços políticos e religiosos, foi a tónica dominante de um processo que, essencialmente, se caracterizou pela ausência de rupturas ou mesmo de transformações abruptas. Distintas foram, sim, as formas de gestão das variadíssimas instituições assistenciais; as tutelas que sobre elas se exerceram; as denominações - ou os significados de denominações semelhantes -; os tempos de intervenção dos poderes institucionais. Comum foi também, muitas vezes, a interactividade, quando não a complementaridade, entre os diferentes organismos envolvidos na assistência, mesmo quando posicionados em campos opostos. A intervenção da Igreja nesta área, num tempo em que a afirmação do poder régio passava também pelo controle destas questões sociais, foi o tema central do seminário Bispos, Cabidos e Assistência na Península Ibérica (séculos XVI-XVIII), de que resulta o presente volume.
|